Nos últimos anos, cuidar da saúde emocional ganhou espaço nas redes sociais, nas rodas de conversa e até nas campanhas publicitárias. Termos como “inteligência emocional”, “terapia”, “autoconhecimento” e “autocuidado” viraram parte do vocabulário cotidiano. Mas afinal, será que todo esse movimento representa uma real necessidade da sociedade moderna ou é apenas mais uma tendência que ganhou força na internet?
Para especialistas da área da saúde mental, a resposta é clara: o cuidado com o emocional é uma necessidade urgente — e não apenas uma moda passageira.
A sobrecarga do mundo moderno
Vivemos em um ritmo acelerado, com exigências cada vez maiores no trabalho, nas relações e nas redes sociais. “Nunca estivemos tão conectados e, ao mesmo tempo, tão sobrecarregados emocionalmente”, explica a psicóloga Renata Alves. “As pessoas estão adoecendo silenciosamente, e a busca por equilíbrio emocional é uma forma de sobrevivência.”
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que os transtornos de ansiedade e depressão aumentaram significativamente na última década, principalmente após a pandemia de COVID-19. Segundo a entidade, mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de depressão, e o Brasil lidera o ranking de ansiedade na América Latina.
Mais do que tendência: uma mudança de paradigma
Para muitos profissionais, o fato de o cuidado emocional estar em alta é um reflexo positivo de uma sociedade que começa a quebrar tabus. “Durante muito tempo, cuidar da mente era visto como fraqueza ou luxo. Hoje, entendemos que a saúde mental é tão importante quanto a física”, afirma o psiquiatra Dr. Marcelo Teixeira.
A popularização de temas ligados ao emocional também ajudou a tornar a terapia mais acessível e menos estigmatizada. Aplicativos de psicoterapia online, espaços de escuta e iniciativas de bem-estar emocional nas empresas são algumas das consequências diretas dessa mudança de mentalidade.
O risco da banalização
Por outro lado, alguns especialistas alertam para o risco de banalizar o tema. O uso excessivo e, muitas vezes, superficial de conceitos psicológicos nas redes sociais pode gerar desinformação. “É importante diferenciar um post motivacional de um acompanhamento psicológico sério. Nem tudo se resolve com frases de efeito ou banhos relaxantes”, pondera a terapeuta comportamental Ana Lúcia Martins.
Em resumo: necessidade, sim. Mas com responsabilidade.
O cuidado com o emocional é uma necessidade real, sustentada por dados, vivências e demandas da vida moderna. A visibilidade que o tema ganhou pode ser vista como uma evolução social — desde que tratada com responsabilidade e profundidade.
Buscar ajuda profissional, cultivar relações saudáveis e respeitar os próprios limites emocionais não é hype. É, mais do que nunca, uma questão de saúde pública.
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