Uma nova ferramenta contra o HIV está chamando atenção de profissionais de saúde e da população: a injeção de longa duração para prevenção da infecção pelo vírus, conhecida como cabotegravir injetável. Aprovada pela Anvisa no Brasil e já utilizada em países como os Estados Unidos e o Reino Unido, a nova estratégia oferece proteção altamente eficaz e representa um avanço importante na chamada profilaxia pré-exposição (PrEP).
Diferente da PrEP oral tradicional que exige a ingestão diária de comprimidos o cabotegravir é aplicado por via intramuscular a cada dois meses, facilitando a adesão e oferecendo maior comodidade. Estudos mostram que o medicamento reduz o risco de infecção pelo HIV em mais de 90%, sendo considerado ainda mais eficaz do que os comprimidos diários em algumas populações.
A infectologista e pesquisadora da Fiocruz Dra. Beatriz Grinsztejn, referência internacional em HIV e ISTs, destaca a importância dessa nova abordagem para grupos mais vulneráveis. “O cabotegravir é uma grande inovação. Ele amplia as possibilidades de escolha e pode aumentar a adesão à prevenção, especialmente entre jovens, mulheres cis e pessoas trans, que enfrentam barreiras maiores no acesso e uso contínuo da PrEP oral”, explica.
A nova injeção já começou a ser ofertada em caráter piloto no Brasil, por meio de programas coordenados pelo Ministério da Saúde, em parceria com centros de pesquisa e serviços especializados. A expectativa é que a incorporação plena na rede pública aconteça de forma escalonada, priorizando regiões com alta incidência de HIV e populações-chave.
Especialistas lembram, no entanto, que a PrEP injetável não substitui a testagem regular para HIV, o uso de preservativos e o acompanhamento médico. A prevenção combinada que integra diferentes estratégias adaptadas à realidade de cada pessoa continua sendo a abordagem mais recomendada.
A chegada do cabotegravir representa um passo importante na resposta global ao HIV e pode ajudar o Brasil a avançar no compromisso de reduzir as novas infecções e eliminar a AIDS como problema de saúde pública até 2030.
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