O uso frequente de antibióticos nos primeiros anos de vida pode ter efeitos duradouros na saúde das crianças. Um novo estudo publicado por pesquisadores da Universidade de Stanford (EUA) aponta uma associação preocupante: crianças que recebem antibióticos antes dos 2 anos de idade têm maior risco de desenvolver obesidade na infância.
Segundo os pesquisadores, a explicação está no impacto que os antibióticos têm sobre o microbioma intestinal — o conjunto de bactérias benéficas que atuam na digestão, no sistema imunológico e no metabolismo. “Quando expostas precocemente a antibióticos, as crianças podem ter alterações na flora intestinal que favorecem o acúmulo de gordura e a resistência à insulina”, explica a pediatra Dra. Fernanda Martins, especialista em nutrição infantil.
O estudo acompanhou mais de 20 mil crianças e observou que aquelas expostas a múltiplos ciclos de antibióticos nos dois primeiros anos de vida apresentaram risco até 26% maior de se tornarem obesas até os 5 anos, em comparação com aquelas que não usaram os medicamentos nesse período.
Uso consciente é essencial
Apesar dos dados alarmantes, os especialistas reforçam que os antibióticos continuam sendo fundamentais para tratar infecções bacterianas graves. O alerta é sobre o uso indiscriminado e sem prescrição adequada. “Infelizmente, muitos pais pressionam os médicos por antibióticos para tratar resfriados ou viroses, que são causados por vírus e não exigem esse tipo de medicamento”, destaca a Dra. Fernanda.
A recomendação é que pais e responsáveis sigam sempre a orientação do pediatra e evitem a automedicação. Além disso, a construção de hábitos saudáveis desde a infância — com alimentação equilibrada, sono adequado e estímulo à atividade física — continua sendo a principal ferramenta na prevenção da obesidade infantil.
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